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Cientistas afirmam que coronavírus pode ser consequência do modelo atual de agronegócio

Estudo mostra que pandemia de covid-19 tem recorte social e é consequência das características da sociedade contemporânea

Foto: Divulgação

O pesquisador americano Rob Wallace levantou a hipótese de que o modelo atual de agronegócio e criação de animais tem relação com o surgimento e disseminação do novo coronavírus. Em sua tese, “Big Farms Make Big Flu” (Grandes Fazendas fazem Grandes Gripes), Wallace explica a relação do modelo econômico mundial com a ocorrência da pandemia.

Alguns cientistas vêm buscando a relação do surgimento do coronavírus com o mercado aberto de Wuhan, na China, e as políticas comerciais e relacionadas à criação de animais no país. Wallace, porém, explora aspectos mais amplos, ligados ao modelo de agropecuária industrializada que é seguido na maior parte dos países, atualmente.

Segundo Larissa Mies Bombardi, geógrafa e professora da Universidade de São Paulo (USP), a invasão humana a áreas de vegetação nativa, onde há amplas redes de micro-organismos, quebra barreiras que facilitam a transmissão desses organismos. Para Wallace, esse rompimento, aliado às pessoas condições em que animais em confinamento vivem, torna tais animais, que têm um sistema imunológico fragilizado, vulneráveis a infecções.

“Estamos falando de uma agricultura industrializada, fábricas de animais, que parecem linhas de montagem. Então, com o sistema imunológico rebaixado e esse vírus que atinge esses animais, o que acontece – segundo a pesquisa – é que ele contamina o ambiente”, explicou Bombardi à Rádio Brasil Atual.

“O Rob Wallace mostra é que, ao se espalhar tão rápido o vírus, não há tempo de se ter respostas imunológicas, então temos esse descontrole, essa pandemia”, completa Bombardi. Ela ainda ressalta que esse processo é agravado pela alta capacidade de mutação e adaptação dos vírus.

Para a geógrafa, o estudo de Wallace evidencia que a pandemia de covid-19 tem um recorte social e é uma consequência das características da sociedade contemporânea. “Essa é uma doença do capitalismo, desse modo de produção agrícola industrializado”, comenta. “É importantíssimo que possamos entender que o fato de estarmos diante de uma pandemia pode estar sim relacionado com a maneira que nós determinamos que a agricultura seja enxergada no mundo”, completa.

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