Um artigo publicado na última segunda-feira (27) na revista científica Proceedings of the National Academy of Science mostrou que as terras indígenas e as áreas naturais protegidas (ANPs) são os locais com menor emissão de carbono na Amazônia.
O estudo mostrou que, entre 2003 e 2016, a Amazônia foi uma fonte de carbono para atmosfera. Isso ocorre porque, quando mortas ou derrubadas, as árvores emitem carbono e metano. Segundo o estudo, as áreas protegidas são responsáveis por apenas 10% das emissões de carbono nas florestas tropicais da América do Sul.
A perda de vegetação em áreas protegidas também foi documentada, o que representa alerta para os especialistas. O estudo afirma que as áreas protegidas estão cada vez mais sujeitas a atividades de exploração ilegais.
O estudo contou com a participação de cientistas, especialistas em política e líderes indígenas das organizações: Woods Hole Research Center (WHRC), Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), Rede Amazônica de Informação Socioambiental (RAISG) e Fundo de Defesa Ambiental (EDF), além da participação do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Segundo o IPAM, Wayne Walker, cientista associado do WHRC e primeiro autor do artigo, o objetivo do estudo é mostrar que “as florestas sob a proteção de povos indígenas e comunidades locais continuam a ter melhores resultados no balanço de carbono do que as terras sem proteção”.
O comentário é completado por Tuntiak Katan, vice-coordenador da COICA: “Os governos estão enfraquecendo a proteção ambiental, violando os direitos às terras indígenas existentes e incentivando a impunidade legal. A situação está colocando em risco a existência de nossos povos e territórios, que contêm as florestas mais densas em carbono do mundo.”