O Ministério da Agricultura está investigando o envio de sementes, vindas principalmente da China, como brindes em compras feitas por brasileiros pela internet. Algumas também foram entregues também de forma aleatória, sem que o destinatário tenha pedido nada no exterior.
Autoridades alertam que, como as sementes podem ser de espécies ainda não introduzidas no país, elas podem virar plantas daninhas e representar perigos aos ecossistemas nacionais. “Até o momento, ainda não é possível apontar os riscos envolvidos”, esclareceu o Ministério.
No Twitter, a estudante de biologia Letícia Marinho, que mantém um perfil de divulgação científica na rede social, afirma que o cultivo das sementes podem levar a ocorrência de fungos e bactérias. “Mesmo que sejam espécies também plantadas aqui, cultivos em locais diferentes implicam na ocorrência de fungos, bactérias e outros organismos diferentes nessas plantas! Isso pode liberar pragas agrícolas incontroláveis, por exemplo”, afirma.
“O perigo de liberar espécies invasoras é também real. Caso essas plantas cheguem em ambientes naturais, podem causar danos para as espécies de plantas nativas ao dominar o ambiente. Além disso, há risco de serem espécies com potencial tóxico para humanos e animais”, continua.
De acordo com a Folha de S.Paulo, 36 pacotes foram identificados em ao menos oito estados. Alguns foram distribuídos com a descrição do conteúdo interno como “joias”. Em geral, no entanto, as embalagens não são completamente identificadas. As que chegaram no Brasil vieram, em sua maioria, da China e Malásia. Há relatos das mesmas sementes chegando também nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
Uma das principais explicações para o envio das sementes é estratégia de marketing. Grandes lojas costumam fazer “brushing”, técnica que consiste em enviar brindes não solicitados no intuito de melhorar a avaliação da marca.