A Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) lançou um vídeo em inglês endereçado ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. “Caro Joe, nós sabemos que a Casa Branca está fazendo um acordo climático secreto com Bolsonaro. Nós brasileiros precisamos te alertar”, diz a peça.
Na última semana cerca de 200 entidades da sociedade civil já haviam enviado uma carta ao presidente norte-americano onde criticavam negociações a portas fechadas com Bolsonaro.
No vídeo, divulgado nesta segunda-feira (12), a Apib alerta: “Não confie em Bolsonaro. Não deixe esse homem negociar o futuro da Amazônia. Ele declarou guerra contra nós. Contra os povos indígenas. Contra a democracia. Ele está espalhando Covid, mentiras e ódio”.
A entidade ainda diz que Bolsonaro é um extremista que considerou a eleição do próprio democrata Joe Biden uma fraude. “É a Amazônia ou Bolsonaro. Não dá para conciliar os dois. De que lado você está?”, questiona.
O ator e cineasta Mark Ruffalo foi um dos que compartilhou a campanha. “Ouça os primeiros povos e faça a escolha certa para o povo do Brasil e para a nossa Terra”, destaca.
Falta de transparência e diálogo
Organizações como a Observatório do Clima têm denunciado que desde o início de 2019 quando Jair Bolsonaro assumiu a presidência o governo federal tem trabalhado para minar o controle social na área ambiental. Ao mesmo tempo o desmatamento na Amazônia em 2020 foi o maior dos últimos dez anos, com um crescimento de 30% em comparação a 2019, segundo monitoramento do Imazon.
Em março a Apib também enviou uma carta a Joe Biden. “Para assegurar e cobrar que o Estado brasileiro volte a fazer uso de suas legislações ambientais e suas diversas agências de proteção, é essencial incluir os Povos Indígenas na mesa de negociação e elaboração de estratégias”, dizem os indígenas no documento, assinado por Sônia Guajajara. No texto, a entidade denuncia que o presidente Bolsonaro vem pressionando o Congresso brasileiro para aprovar um projeto de lei (PL-191/2020) que permite a mineração e outras atividades econômicas em terras indígenas, o que afetaria direta e indiretamente 863.000 km2 de florestas. Leia a carta aqui.