Foto: Arquivo/Agência Brasil

Em 2019, a bacia do Xingu perdeu 168.110 hectares de floresta, área maior do que o município de São Paulo. De acordo com 16º boletim Sirad X, o sistema de monitoramento de desmatamento da Rede Xingu +, seis árvores foram derrubadas por segundo na reserva. Segundo o estudo, o avanço do desmatamento se justifica pelo aumento da atividade agropecuária, grilagem de terras, garimpo, queimadas e pela certeza de impunidade.

Do total de hectares destruídos, 40 mil corresponde ao desmatamento ilegal dentro de Áreas Protegidas do Corredor Xingu, como o conjunto de Terras Indígenas e Unidades de Conservação da bacia, o que corresponde a um aumento de 52% em relação a 2018. “O avanço do desmatamento dentro dessas áreas é resultado da redução das ações de fiscalização e do desmantelamento das políticas indigenista e ambiental no país”, explica Ricardo Abad, especialista em sensoriamento remoto do ISA.

O boletim destaca que as terras indígenas são as mais vulneráveis ao avanço do desmatamento. Em 2019, três áreas demarcadas sofreram intenso processo de invasão de grileiros e madeireiros no norte da bacia do Xingu: Cachoeira Seca do Iriri, Apyterewa e Ituna-Itatá. As três lideram o ranking das mais desmatadas na Amazônia, superando mais de 7 mil hectares de floresta destruídos no ano passado.

Medidas Provisórias
Mesmo com o desmatamento recorde em diversas áreas de conservação do país, o Congresso segue votando medidas que devem contribuir ainda mais com esse quadro. Uma delas é a Medida Provisória (MP) 910, apelidada de “MP da grilagem” por ambientalistas, diz “simplificar e modernizar” o processo e regularização definitiva de terras da União. A outra, a MP 901, permite a donos de terras no Amapá e em Roraima desmatar até 50% de suas terras.   

A MP foi editada pelo governo em dezembro passado e deve ser defendida pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na tarde desta terça-feira (18) em uma audiência pública na comissão mista formada para analisar o tema.