Conforme o agronegócio avança no interior do Pará, a criação de abelhas é prejudicada devido ao uso de agrotóxicos, fazendo a produção de mel despencar e criando “cemitérios de abelhas”. É o que dizem produtores locais, entrevistados pelo G1.
João Batista Ferreira, Chácara João do Mel, em Belterra, no oeste do Pará, afirma que a propriedade, apesar de contar com muita biodiversidade, é diretamente afetada pelas plantações de soja que a cercam. Os impactos socioambientais têm sido associados ao extermínio de abelhas no município da Região Metropolitana de Santarém, a cerca de 700 km de Belém.
Ferreira afirma que produzia cerca de 5 ou 6kg de mel por caixa de abelha, mas hoje a produção foi reduzida para menos de meio quilo por caixa. “Quantas vezes encontramos caixas completamente vazias ou enxames mortos”, diz, chamando o local de “cemitério de abelhas”. O produtor considera que é inviável manter a meliponicultura como atividade socioeconômica no local.
Há também ataques constantes de tamanduás, que reduzem ainda mais a população de abelhas. Ferreira considera que o impacto negativo está diretamente relacionado à expansão do agronegócio. “O agrotóxico pulverizado nos plantios de soja se dispersa no vento e na chuva, afetando toda a cidade”, diz.
O produtor considera que não há futuro para a produção na cidade: “É prejuízo na certa. Muitas abelhas já foram extintas e outras serão brevemente”. Outros produtores da região concordam com Ferreira, e ainda lembram que a extinção das abelhas afetaria diretamente outras espécies, inclusive a humana.