O dono da fazenda Água Sumida, localizada em Brotas, no interior de São Paulo, foi entrevistado pelo programa Fantástico da TV Globo neste domingo (28). Luiz Augusto Pinheiro de Souza minimizou a situação de completo abandono em que foram encontrados os 1.056 búfalos e 72 cavalos e éguas, sendo que 90% deles eram fêmeas prenhas.
“Que morrer de fome e sede… a fazenda existe há anos, nunca faltou água nem comida nessa fazenda gigante. [O animal está morrendo] porque é gado velho, é gado que, às vezes, já está com algum probleminha, um detalhe ou outro”, afirmou o fazendeiro.
O caso veio à tona após denúncia da ONG Amor e Respeito Animal (ARA). A Polícia Militar Ambiental encontrou os animais sem comida, sem água, alguns mortos outros com ferimentos e confinados em local inapropriado. Voluntários foram até o local onde instalaram um hospital de campanha para tentar salvar os animais. A reportagem do Fantástico ainda mostrou que alguns animais haviam sido enterrados em um local da fazenda antes dos voluntários chegarem.
“Meu, faz oito meses que não chove. Nenhum gado no estado de São Paulo está com escore corporal normal”, ainda afirmou Souza. Veterinários voluntários negam que o índice ‘Escore de Condição Corporal’ (ECC), que avalia o estado nutricional dos animais, estava normal, pelo contrário a maioria estava desnutrida. Alguns, inclusive, morreram nesta última semana, pois não foi possível salvá-los”, disse o fazendeiro, tentando se eximir da responsabilidade.
O Fantástico ainda mostrou que Luiz Augusto Pinheiro de Souza tentou intimidar o prefeito de Brotas, Leandro Corrêa (DEM-SP), pedindo que ele expulsasse a ONG ARA da cidade.
“Oi, Leandro. É o Luiz Augusto. Tudo bem? Você pode ter ódio de mim, e eu tenho motivo para ter ódio de você, mas acho que temos um segundo bem aí em jogo. Que é a imagem de Brotas. Vai sair no domingo no Fantástico. Está destruindo a cidade. Você como prefeito pode tirar essa ONG daqui rapidinho.”
Os crimes no caso das Búfalas de Brotas
Nesta semana deve ser entregue ao Ministério Público de São Paulo o inquérito policial que investiga o crime de maus-tratos aos animais. Somados, os crimes podem render 500 anos de prisão aos responsáveis. As multas aplicadas pela Polícia Ambiental já chegam a R$ 3,5 milhões.