As queimadas que vêm batendo recordes históricos no Pantanal desde julho estão colocando em risco espécies de primatas já ameaçados de extinção, como é o caso do macaco-aranha-de-cara-branca. Gustavo Canale, pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso e atual presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia, diz que a situação é “calamitosa”.
O macaco-aranha está presente nas regiões central e norte de Mato Grosso, chegando até o sul do Pará. Eles sem alimentam principalmente de frutos nas árvores. São os maiores dispersores de sementes dos frutos grandes na Amazônia.
“A situação no entorno do Parque Indígena do Xingu, em especial no interflúvio Teles Pires-Xingu, está calamitosa”, afirma, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “Tivemos uma leve melhorada por causa de algumas pancadas de chuva, mas a verdade é que o Arco do Desmatamento está inteiro incendiando. Chegamos a ficar cinco dias sem ver o sol”, contina.
De acordo com o biólogo, que tem realizado idas a campo em Sinop, no Mato Grosso, é possível sentir cheiro de carne queimada na região. Moradores também relatam ter visto animais mortos pelo fogo.
Em setembro, um grupo de cinco macacos-aranha foi filmado fugindo de um incêndio às margens do Rio Teles Pires, também em Sinop. Esses animais estão na lista das espécies com maior risco de ser extinta no Brasil.