A Associação Nacional de Advogados Animalistas (Anaa) divulgou uma nota de repúdio com pedido de retratação do jornal Folha de S. Paulo por conta de uma reportagem publicada no último sábado (21), que afirma que “testes em animais permitem saber se as coisas são seguras” e são necessários. “Os testes são uma maneira que os cientistas têm para se certificar de que as coisas que de alguma maneira usamos no corpo não vão nos fazer mal. Seria muito arriscado já sair usando e consumindo esses produtos sem uma garantia de que são seguros”, diz o texto.
Segundo a entidade, “a matéria afirma que os testes em animais são necessários, inclusive para produtos não-essenciais, como produtos cosméticos e de beleza. Porém, a experimentação em animais na fabricação destes produtos já é proibida em diversos países e em oito estados brasileiros, existindo métodos alternativos eficazes, que não envolvem cobaias animais, reconhecidos pelo Concea e pela Anvisa”.
Ainda de acordo com a nota, “submeter animais a experimentos científicos viola a Regra Constitucional de Vedação à Crueldade Animal prevista no art. 225, §1º, VII, além de desrespeitar as diretrizes mínimas de bem-estar”.
A reportagem da Folha ouviu a biomédica Laís Berro, professora no Centro Médico da Universidade do Mississipi, nos EUA, que afirma que “os cientistas defendem o uso responsável de animais em pesquisas e os tratam com humanidade e dignidade. A pesquisa animal é insubstituível para o avanço da ciência”.
Confira a nota da associação na íntegra:
Nota de repúdio e pedido de retratação à Folha de S. Paulo
1 A matéria afirma que os testes em animais são necessários, inclusive para produtos não-essenciais, como produtos cosméticos e de beleza. Porém, a experimentação em animais na fabricação destes produtos já é PROIBIDA em diversos países e em 08 estados brasileiros, existindo métodos alternativos eficazes, que não envolvem cobaias animais, reconhecidos pelo CONCEA e pela ANVISA.
Mesmo quando se destinam para medicamentos e tratamentos terapêuticos, os testes em animais são sim dispensáveis e devem ser substituídos por novas tecnologias e até mesmo pelo aumento dos testes em humanos voluntários, o que, inclusive, melhoraria a qualidade das pesquisas e aceleraria a obtenção de resultados positivos.
O National Institutes of Health declarou que a taxa de falha em pesquisas utilizando animais excede 95%, porque a fisiologia das espécies animais utilizadas na pesquisa é absolutamente diversa da fisiologia humana.
2 A matéria diz que os animais usados em testes possuem sua dignidade respeitada. Mas o tratamento dos animais em laboratórios não foi descrito e nem demonstrado com imagens ao longo da reportagem.
Os animais são forçados a inalar gases e ingerir substâncias tóxicas, induzidos a desenvolver patologias graves e doloridas, furados, mutilados e mexidos por dentro.
Eles vivem confinados em ambientes gelados, escuros e estéreis, com restrição de espaço e total restrição comportamental, jamais têm acesso à luz solar e são impedidos de sair das jaulas/caixas por toda sua vida.
3 Submeter animais a experimentos científicos viola a Regra Constitucional de Vedação à Crueldade Animal prevista no art. 225, §1º, VII, além de desrespeitar as diretrizes mínimas de bem-estar. Por essas razões, pode-se dizer que a matéria ignorou os diversos aspectos negativos da experimentação animal e induz o leitor (público infantil) ao erro, devido ao fato de ser privado de informações reais sobre a questão.
Solicitamos a retratação pública da Folha de S. Paulo e a veiculação de nova matéria, apresentando informações verídicas e imparciais.