Uma professora do departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) tem sofrido diversas ameaças por conta de um estudo seu sobre agrotóxicos. Ela denunciou a situação em carta e pediu afastamento para sair temporariamente do Brasil.
O texto de Larissa Mies Bombardi relata que as intimidações começaram depois do lançamento do Atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, em abril de 2017. Segundo informações do portal O Partisano, a pesquisa da professora levou a maior rede de produtos orgânicos da Escandinávia a suspender a compra de alimentos do Brasil.
Na carta, Larissa afirma ainda que tem “prova de todas as informações que menciono nesta carta. Desde o Boletim de Ocorrência até as cartas e artigos intimidatórios”. Entre os artigos que atacam o seu trabalho, ela cita um de autoria do engenheiro agrônomo e secretário do Meio Ambiente de Ilhabela (SP), Xico Graziano, publicado no portal Poder 360.
O texto chama a pesquisa de Larissa de “apavorante” e que gerou “estardalhaço” no exterior. “Implacável, ela dispara sua metralhadora contra o agronegócio, a produção de commodities, o etanol, o eucalipto, tudo. Contra o capitalismo agrário”, ataca o secretário. “A geógrafa da USP imputa aos agrotóxicos a encarnação do mal sobre a Terra”, completa.
Durante o trabalho de campo, a professora já precisou mudar de trajetos e rotina para evitar ataques. Ela, inclusive, deixou de comparecer a um evento acadêmico em Chapecó devido às ameaças.